Inflação na Capital avança 1,45% em junho, aponta Ipead

Planos de saúde, automóveis e leite impulsionaram alta

O custo de vida em Belo Horizonte, medido pelo IPCA, avançou 1,45% no mês de junho, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). A alta, a maior do ano desde janeiro, reflete principalmente o aumento dos planos de saúde, que foram reajustados em 15,4%, além do automóvel novo e do leite, que tiveram altas de 2,78% e 10,71%, respectivamente.  A diminuição no preço da gasolina, de 1,19%, e do etanol, 8,93%, não foi suficiente para reduzir o índice de inflação na capital mineira.

Segundo o gerente de Pesquisas da Fundação Ipead, Eduardo Antunes, este é um índice muito elevado, que passa longe de qualquer normalidade. “O acumulado de 2022 é de 6,11%, sendo que o centro da meta para o ano todo é de 3,5%, que já estourou. Eu acredito que, a partir de agora, as coisas tendem a ter reajustes mais normais, mas isso ainda vai demorar muito nesse clima de incertezas”, analisa Antunes. A inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 11,64%.

Segundo o especialista, a inflação de junho tem suas peculiaridades. Não foi provocada pela alta da gasolina ou dos hortifrutigranjeiros, como nos outros meses. Um terço do índice foi dominado pelos planos de saúde, reajustados em 15%. A indústria automobilística, ainda sujeita à falta de componentes, também contribuiu para a alta da inflação, ao corrigir o preço do carro novo em quase 3%. “São aumentos que as pessoas sentem, como o do leite e do feijão, de 15%. Eles não podem faltar na mesa do brasileiro”, observou Antunes.

As passagens aéreas vêm impactando o índice, ao manter um ritmo de aumento – em junho, foi de 30%. O pesquisador atribui o fato a um ajuste pós-pandemia das companhias, que estão tendo que honrar contratos antigos, enfrentando custos altíssimos de operação – caso dos aumentos do combustível de avião.   

O resultado de 1,45% foi obtido a partir da pesquisa de preços dos produtos/serviços que são agrupados em 11 itens agregados. Os maiores destaques, em termos de variação, foram as altas de 7,66% para Saúde e cuidados pessoais, 4,16% para Alimentos elaboração primária, 2,37% para Encargos e manutenção, 2,06% para Artigos de residência e 1,23% para Alimentos industrializados. No sentido oposto, destaca-se a queda de 3,62% para Alimentos in natura.

A cesta básica teve um recuo em junho de 0,03%, custando R$ 680,58. Os principais responsáveis por esse recuo foram o tomate (8,18%), batata inglesa (5,79%) e a chã de dentro (0,43%). Para efeito de comparação, em maio a cesta básica custava R$ 680,80 e, em abril, R$ 716,26. Em junho do ano passado, o preço era bem menor, de R$ 553,56.

Confiança

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC-BH) atingiu, no mês de junho, 35,47 pontos, apresentando uma alta de 3,21%. Desenvolvido pela Fundação Ipead, ele sintetiza a opinião dos consumidores em relação a diversos aspectos conjunturais capazes de afetar as suas decisões de consumo no curto, médio e longo prazo.

Neste sentido, o ICC permite ao empresário do comércio varejista mineiro avaliar as opiniões e as expectativas dos consumidores em tempo real com o objetivo de planejar melhor o seu negócio em termos de estoques, contratações, investimentos, dentre outros. Todos os itens de composição do ICC, bem como o índice geral, são apresentados na escala de 0 a 100, em que 0 representa pessimismo total e 100 representa otimismo total.

O índice de 35,47, naturalmente, demonstra pessimismo. “A população de Belo Horizonte já está pessimista há vários anos. Desde 2013, que foi a última vez que o ICC foi maior que 50. Mas os belo-horizontinos estão menos pessimistas do que no mesmo mês do ano passado, quando esse índice foi de 34,37”, calcula Eduardo Antunes.

Para o pesquisador, este é um momento complicado, no qual a economia se reaquece ainda enfrentando uma série de problemas, como a falta de matérias-primas, a Guerra da Ucrânia e suas consequências para o mundo e o próprio ambiente pré-eleitoral no Brasil. São incertezas que, segundo ele, dão margem, inclusive, para a especulação, quando o empresário aumenta seus preços para se precaver contra problemas futuros, num ciclo perverso que cria ainda mais inflação.

“A gente espera que o índice em julho caia, porque muitos fatores não vão mais influenciar. Alimentos estão voltando a um patamar normal e os combustíveis, por exemplo, certamente vão cair com a redução de impostos, mas ela não chegará do mesmo tamanho no bolso do consumidor”, finalizou.

Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 06/07/2022 por Bianca Alves.

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