Cesta básica apresentou alta de 1,28%, custando R$ 645,36, conforme pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/MG)
O condomínio residencial foi o grande vilão das famílias de Belo Horizonte em fevereiro, apontam os índices apurados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/MG). No total, o custo de vida na cidade aumentou em 0,21% em relação a janeiro. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (4/3).
A inflação estável vem na contramão do registrado em janeiro, quando houve aumento de 2% na comparação com dezembro. Essa queda na taxa de crescimento já era esperada, como explica o gerente do Ipead, Eduardo Antunes.
“Não incidiram todas aquelas variações que acompanham janeiro, como IPTU, aumento de escola, salário-mínimo. Então, esse mês foi mais perto de uma normalidade inflacionária. Mesmo assim, ainda com impacto razoável no custo de vida da população”, avalia.
A inflação medida pelo Ipead/MG considera 11 especificações, desde alimentação até habitação, transporte, vestuário etc.
Entre esses, a maior variação entre fevereiro e janeiro foi medida nos alimentos in natura, que aumentaram 9,6%. Destaque também para os crescimentos das bebidas em bares e restaurantes (3,54%) e encargos e manutenção (1,21%).
Os alimentos in natura, pela própria maneira de produção, sempre apresentaram preços com grande variação. Ainda assim, o gerente do Ipead, Eduardo Antunes, explica a causa da alta mais elevada entre os itens pesquisados.
“Um valor bem elevado em um único período, mesmo ao se tratar de (alimentos) in natura, que são muito voláteis. Eles ainda parecem que estão sofrendo bastante com as condições climáticas adversas”, diz.
Por outro lado, houve recuo nos preços dos produtos de vestuário e complementos (-4,48%), saúde e cuidados pessoais (-0,4%), despesas pessoais (-0,11%) e artigos de residência (-0,19%) entre fevereiro e janeiro.
Quanto ao prognóstico para o futuro, Eduardo Antunes, gerente do Ipead, avalia que as projeções são incertas, até por possíveis repercussões da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Não se sabe, exatamente, até onde esse problema do momento, que é esse conflito, pode causar nos índices inflacionários, por exemplo. Já se fala que pode faltar fertilizante, que impacta nos alimentos. Pode ter problema com a cotação do petróleo, que já chegou a quase U$S 120 (o barril)”, afirma o especialista.
Segundo Eduardo, o cenário mais razoável aponta para uma inflação em torno dos 5% ao ano. Mas, tudo vai depender, além do conflito europeu, dos efeitos da corrida presidencial e da pandemia na economia.
Cesta básica
Outra pesquisa divulgada pelo Ipead/MG nesta sexta-feira foi sobre as cestas básicas. De acordo com o instituto, o custo do kit de alimentação aumentou 1,28% em BH em fevereiro no comparativo com o mês anterior.
Agora, a cesta básica tem preço médio de R$ 645,36. Ela representa 53,2% do salário mínimo, avaliado em R$ 1.212.
O Ipead considera em sua cesta básica 13 itens: banana-caturra, chã de dentro, arroz, leite pasteurizado, farinha de trigo, açúcar cristal, óleo de soja, café moído, pão francês, manteiga, tomate Santa Cruz, feijão carioca e batata-inglesa.
Entre esses alimentos, o que teve maior variação em fevereiro foi a batata-inglesa, que aumentou 19,58% ante janeiro. O feijão teve seu preço aumentado em 9,39%, enquanto a manteiga em 6,55%. Outra elevação considerável se deu no tomate: 4,73%.
Em outra mão, a banana-caturra recuou 8,94% em relação a janeiro. Outro item que diminuiu foi o arroz: 1,21%. Vilã nos últimos meses, a carne de boi (chã de dentro) também teve variação negativa de -0,86%.
Confiança do consumidor
Mais um levantamento do Ipead concluiu que o Índice de Confiança do Consumidor teve queda de 3,53%. Portanto, a taxa ficou em 33,72, o que indica um cenário de pessimismo de quem compra.
Esse pessimismo foi puxado principalmente pelo Índice de Expectativa Econômica, no qual o consumidor de BH avalia o cenário da economia brasileira, da inflação e do emprego. Esse indicador diminuiu em 10,78%.
Por outro lado, o Índice de Expectativa Financeira apresentou pequena elevação em relação a janeiro de 0,42%. Fazem parte deste parâmetro a situação financeira da família atualmente e no passado e a pretensão de compra.
Fonte: Jornal O Tempo – Publicado por Gabriel Ronan em 04/03/2022.