Alta nos combustíveis leva BH à maior inflação anual desde 2015

No ano passado, IPCA ficou em 9,63% na capital mineira; gasolina subiu 51,44%, e etanol, 73,31%
Douglas Magno

Foto: Douglas Magno/O Tempo

Aumento nos combustíveis gera efeito cascata nos outros produtos devido ao custo do transporte

Pressionada pelo valor elevado da gasolina, a população de Belo Horizonte pagou mais caro por diversos produtos e serviços em 2021. A alta foi mais sentida, além do transporte, na alimentação – em casa e na rua – e na energia elétrica. 

Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead), da UFMG, a taxa de inflação na capital, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 9,63%. A alta foi a maior desde 2015, quando ficou em 11,82%. Em BH, o IPCA ainda ficou abaixo da média nacional, de 10,52%, medido pelo IBGE.

O resultado é fruto da pandemia, diz o gerente de pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes. Segundo ele, a combinação de reabertura do comércio e serviços, aliada à alta na demanda por produtos e baixa produção de insumos, gerou o cenário que é vivenciado hoje não só em BH, mas em todo o Brasil e até em outros países. “A pandemia, com a dinâmica de restrições, gerou uma bola de neve, e estamos pagando essa conta”, afirma Antunes.

Só a gasolina acumulou um aumento de 51,44%, entre janeiro e dezembro. Pesquisa do site Mercado Mineiro mostrou que, no período, o preço médio do combustível passou de R$ 4,64 para R$ 6,83, aumento de R$ 2,18 no litro vendido na capital. 

No ano, o etanol também teve uma alta expressiva no preço, de 73,31%. Como reflexo, os custos do botijão de gás subiram 40,44%. “Se aumenta o custo do transporte, acaba gerando custos indiretos, que são repassados nos preços dos produtos para absorver não na totalidade, mas rateando o valor para quem produz e quem consome”, diz Antunes.

Alimentação

Para quem se alimenta fora de casa, o preço das refeições teve elevação média de 14%. Já as compras de alimentos industrializados, chamados gastos com supermercados, tiveram alta média de 14,88% durante o ano, segundo o Ipead. 

Os principais vilões foram o café, com alta de 64% entre janeiro e dezembro – registrando o maior índice dos últimos 25 anos –, e o peito de frango, com alta de 46%.

Segundo o gerente do Ipead, no caso do peito de frango, a alta é reflexo do aumento nos preços da carne bovina. “Os consumidores migraram para fugir do valor da carne vermelha, e isso gerou uma pressão na demanda”, analisa. No caso do café, a foi safra prejudicada pelas geadas do inverno, que destruíram parte das plantações, e pela seca.

Os impactos das condições climáticas foram sentidos pelo consumidor também na conta de luz. Com a escassez de chuva e a cobrança de bandeira de escassez hídrica pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os moradores de BH pagaram um valor médio de 12% a mais nos débitos mensais, mostra a pesquisa.

Vulneráveis sofrem mais

A inflação em Belo Horizonte tem como o principal impacto a diminuição do poder aquisitivo. Segundo o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG Frederico Gonzaga, para quem tem renda de um a três salários mínimos, o peso é mais intenso.

“Os produtos como combustíveis, alimentos e gás estão subindo mais que a média e têm impacto grande na cesta básica de consumo, com uma capacidade de manter uma situação dramática, vivenciada principalmente pela população mais vulnerável”, afirma.

O cenário, segundo o docente, reforça a necessidade de políticas públicas de amparo à população mais vulnerável em níveis municipal, estadual e principalmente federal. “Além da inflação, há um contexto de desemprego muito alto, em torno de 12%, e o Estado tem saído da sua função de estruturar políticas públicas sociais razoáveis”, acrescenta Gonzaga.

Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 08/01/2022 por Simon Nascimento.

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