Gasolina, alimentação, energia: saiba o que sufocou o consumidor de BH em 2021

Pesquisa do Ipead, da UFMG, mostrou que a taxa de inflação acumulada, durante o ano passado, foi de 9,63% na capital

Pressionada pelo valor elevado da gasolina, a população de Belo Horizonte pagou mais caro por diversos produtos e serviços em 2021. A alta foi mais sentida, além do transporte, nos gastos com alimentação, em casa e na rua, e energia elétrica. Estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead) da UFMG mostra que a taxa de inflação na capital, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 9,63%. O índice ainda ficou abaixo da média nacional, de 10,52%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Somente a gasolina acumulou um aumento de 51,44%, entre janeiro e dezembro. Pesquisa recente do site Mercado Mineiro, mostrou que o preço médio do combustível passou de R$4,64 para R$6,83, aumento de R$2,18. Como reflexo do aumento de gasto com transporte, os custos com supermercados tiveram alta média de 14,88% durante o ano, conforme o Ipead.

Os principais vilões foram o café, que teve o preço elevado em 64%, registrando o maior índice dos últimos 25 anos, e o peito de frango, com alta de 46%. Para quem se alimenta fora de casa, o preço das refeições teve elevação média de 14%. “Se aumenta o custo do transporte, acaba gerando custos indiretos que são repassados nos preços dos produtos para absorver, não na totalidade, mas rateando o valor para quem produz e quem consome”, explica o gerente de pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes. 

No caso do peito de frango, por exemplo, ele destaca que a alta é reflexo do aumento nos preços da carne bovina. “Os consumidores migraram para fugir do valor da carne vermelha e isso gerou uma pressão na demanda, fazendo com que o preço subisse”, avalia. Para Antunes, além da gasolina, o principal destaque negativo foi o café, que teve a safra prejudicada com as geadas do inverno e a seca. “É um produto que está todos os dias na nossa mesa. É inadmissível que o Brasil, um grande produtor de café, entre nesse nível de inflação”, observou.

ENERGIA 

Os impactos das condições climáticas foram vistos também na conta de luz. Com a escassez de chuva e a cobrança de bandeira de escassez hídrica pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os moradores de BH pagaram um valor médio de 12% a mais nos débitos mensais, mostrou a pesquisa da UFMG.

PODER DE COMPRA AFETADO 

Com a taxa de inflação do IPCA em alta, o principal impacto no bolso do cidadão é com a diminuição do poder aquisitivo, de acordo com Eduardo Antunes. “Está associada a produtos que são de uso mais corriqueiro, que às vezes não é possível substituir, e vai corroendo o poder aquisitivo das pessoas”, ponderou. 

O contexto, na visão do especialista, é agravado pelo cenário de desemprego no país, que dificulta uma readequação no orçamento para manter o consumo o qual as famílias estavam habituadas. O problema é mais sentido na fatia pobre da população. “Quanto menos recurso a família tiver, mais ela vai sentir. Porque quem ganha menos, vai consumir menos”, comentou Eduardo.

PANDEMIA 

O principal motivo para a inflação de 2021 em Belo Horizonte ter se aproximado de 10% foi a pandemia da Covid-19, segundo Antunes. Ele acredita que a combinação de reabertura do comércio e serviços, aliado à alta na demanda por produtos e baixa produção de insumos, gerou o cenário que é vivenciado hoje não só em BH, mas em todo Brasil e outros países. “A política econômica teve pouca influência nesse sentido. A pandemia, e a dinâmica de restrições, gerou uma bola de neve e estamos pagando essa conta”, acrescentou.

Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 07/01/2022 – Simon Nascimento.

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