Alimentos foram os vilões da inflação de BH em 2020

O grupo alimentação, com alta de 9,49%, contribuiu para a inflação de 5,03% na capital mineira no ano passado

Os alimentos fecharam 2020 como os grandes vilões do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação de Belo Horizonte. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (06/01) pela Fundação Ipead/UFMG, a capital mineira terminou o ano com uma inflação de 5,03%, pressionada pela alta de 9,49% do grupo alimentação.

Já os itens que mais pesaram para o aumento da inflação, no acumulado do ano passado, pertencem ao grupo dos produtos não alimentares (automóvel novo, excursões e empregado doméstico), com alta de 4,21%. Enquanto o grupo alimentação tem peso de 1,45 ponto percentual no índice total, o não-alimentar contribui com 3,58 p.p, representando 71,12% da contribuição total de 2020.

Preços nos bares caem

Em 2020, quatro de cinco itens de alimentação apresentaram elevação, com destaque para alimentos de elaboração primária, resultante de uma alta de 19,77% em seus preços. Na sequência aparecem alimentos industrializados com 10,39% de variação, alimentos in natura e alimentação em restaurante.

O único item que apresentou recuo em 2020 foi bebidas em bares e restaurantes com -1,50% de variação negativa. Individualmente, os cinco produtos de alimentação que mais contribuíram para a alta do IPCA foram: leite pasteurizado, arroz, óleo de soja, lanche e maçã.

O único item que apresentou recuo em 2020 foi bebidas em bares e restaurantes com -1,50% de variação negativa. Individualmente, os cinco produtos de alimentação que mais contribuíram para a alta do IPCA foram: leite pasteurizado, arroz, óleo de soja, lanche e maçã.

Carros zero também pressionam

Dentre os produtos do grupo não alimentares, o item que mais se destacou foi o de despesas pessoais, com variação de 5,79%, correspondendo a 35,50% de participação na variação geral do IPCA.

Os demais itens apresentaram os seguintes valores, na ordem de participação no IPCA: Produtos administrados (4,18%), Encargos e manutenção (5,43%), Saúde e cuidados pessoais (3,96%), Vestuário e complementos (6,37%) e Artigos de Residência (3,15%).

Os produtos que mais contribuíram para a inflação deste grupo foram: automóvel novo, excursões, empregado doméstico, IPTU e energia elétrica. Já os que menos contribuíram foram: seguro voluntário de veículos, telefonia fixa, tapete, gasolina e cigarro.

Ainda dentro deste grupo, teve destaque, especificamente, o tênis para criança com a maior variação no ano de 2020 (45,07%). Já o que apresentou a menor variação foi seguro obrigatório para veículos com queda de 60,85%.

IPCA de dezembro de 2020

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte, que mede a evolução dos gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, apresentou uma variação positiva de 1,25% em dezembro de 2020. Já o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), referente às famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, apresentou, no mesmo período, variação positiva de 1,80%.

Os resultados foram obtidos pela Fundação IPEAD/UFMG, mediante comparação dos preços médios praticados no período de 01 a 31 de dezembro de 2020, com os preços médios praticados entre 01 e 30 de novembro de 2020.

Dentre os 11 itens agregados que compõem o IPCA, os maiores destaques, em termos de variação, foram as altas de 4,21% para alimentos in natura, de 2,27% para alimentos de elaboração primária, de 2,06% para produtos administrados, de 1,78% para vestuário e complementos e de 1,73% para despesas pessoais. No sentido oposto, teve destaque a queda de 2,62% para bebidas em bares e restaurantes.

Cesta básica

O acompanhamento do custo da cesta básica em Belo Horizonte revelou que o poder de compra do salário mínimo caiu em 2020, quando comparado com dezembro de 2019. Os valores da cesta básica foram iguais a R$ 464,26 em dezembro de 2019 e R$ 566,80 em dezembro do ano passado, resultando em um aumento de 22,09% no acumulado do ano, sendo que os últimos cinco meses do ano tiveram altas consecutivas.

Índice de Confiança

O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte encerrou o ano de 2020 com valor inferior ao registrado no fim de 2019, sendo igual a 35,58 contra 39,42 pontos, respectivamente, com queda de 6,56%. Segundo a pesquisa, a pandemia da COVID-19 afetou diretamente o humor dos consumidores, sendo que a inflação e o emprego foram as principais preocupações dos consumidores em 2020.

Além disso, houve uma grande redução na pretensão de compra (-17,73%) no acumulado do ano, devido ao novo cenário vivido diante da pandemia. O ICC é composto por dois grupos, o Índice de Expectativa Econômica (IEE) e o Índice de Expectativa Financeira (IEF), subdividindo-se, cada um, em três itens. 

Cada item possui um grau de importância (peso), sendo o índice geral (ICC) uma média ponderada desses componentes, que são: situação econômica do país (peso=18,21%), inflação (peso=15,69%), emprego (peso=20,79%), situação financeira da família (peso=25,12%), situação financeira da família em relação ao passado (peso=9,19%) e pretensão de compra (peso=11,00%).

Todos os itens, bem como o índice geral, são apresentados na escala de 0 a 100, em que 0 representa pessimismo total e 100 representa otimismo total. O índice 50 demarca a fronteira entre a situação de pessimismo e otimismo.

Em dezembro, o ICC, resultado das entrevistas realizadas entre os dias 28 de novembro e 28 de dezembro de 2020, caiu para 35,58 pontos, apresentando uma redução de 4,24% na comparação com o mês de novembro. Além disso, o índice permanece abaixo dos 50 pontos, nível que separa o pessimismo do otimismo.

O Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou uma queda de 10,57% em comparação com o mês anterior, influenciado pela piora na percepção dos consumidores sobre a situação econômica do país e o emprego.

O Índice de Expectativa Financeira (IEF), também apresentou redução de 0,32% em comparação com o mês de novembro, sendo o item Situação Financeira da Família o único que apresentou queda (-1,45%), rompendo a tendência de alta observada nos últimos meses.

O aumento no número de casos confirmados da COVID -19 e o momento de reflexão que cerca o último mês do ano de 2020 contribuíram para uma piora na percepção da população sobre a economia de modo geral, rompendo a recuperação que o índice de confiança do consumidor estava apresentando nos últimos meses.

Os grupos que lideraram a lista dos bens e serviços que os consumidores pretendem adquirir nos próximos três meses são: vestuário e calçados (20,48%), veículos (9,52%) e outros (8,57%).

Taxas de juros

O custo do dinheiro, medido pelas taxas médias mensais de juros, ficou mais baixo na maior parte dos tipos de empréstimos e captações observados em Belo Horizonte, devido às reduções na taxa básica de juros (SELIC), que encerrou o ano de 2020 em 2,00% a.a., bem abaixo da registrada em dezembro de 2019 (4,5%), renovando o menor nível da história.

Nesse momento de incerteza e contínua volatilidade dos mercados, devido à pandemia da COVID-19, os principais resultados da pesquisa realizada em dezembro de 2020 são que as taxas médias de juros praticadas para pessoa física apresentaram alta na maioria dos setores ao serem comparadas aos valores do mês de novembro.

Já sobre as taxas para pessoa jurídica, a maioria apresentou alta. Por fim, entre as taxas de captação, a maioria apresentou estagnação ou alta em relação ao mês anterior.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Marcílio de Moraes

Publicado em 06/01/2021 por Mariana Costa* por meio do caderno de Economia.




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