Belo Horizonte apresentou deflação em agosto, com ligeira queda de 0,03% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esse é o menor valor registrado desde 2010, segundo divulgado ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais, vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG). A queda da inflação ocorre após o índice apresentar alta em julho, ainda sofrendo os efeitos da greve dos caminhoneiros e do aumento no preço dos produtos administrados, como energia e combustível. A preocupação agora é com a alta do dólar, que pode impactar na inflação nos próximos meses.
Devido aos efeitos da greve dos caminhoneiros, havia expectativa quanto ao comportamento dos preços em agosto. De acordo com a coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Ipead/UFMG, Thaize Martins, a queda na inflação foi baixa, indicando uma estabilidade, mas muito bem-vinda devido a esse cenário.
Os produtos que seguraram a inflação em agosto foram os alimentos in natura, com retração de 2,22%, e alimentos de elaboração primária, com queda de 2,16%. O preço das excursões sofreu queda de 5,74%, já que a base comparativa é a alta temporada ocorrida em julho.
Em agosto também foi registrada queda no preço da gasolina, de 0,85%, o que tem grande peso no resultado. Mas Thaize ressalta que, nos últimos 12 meses, a gasolina acumula alta de 17,81% e, no ano, a alta do combustível é de 2,7%. “Agosto não teve impacto dos produtos administrados, como energia e combustível, que impactaram a inflação no último mês”, falou a pesquisadora.
Ainda no oitavo mês do ano, os produtos que se destacaram pela alta foram vestuário e complementos, com aumento de 2,25%; bebidas em bares e restaurantes, com elevação de 1,98%. O preço de ingressos para jogo aumentou 29,97%, enquanto a tarifa de água subiu 4,30%.
Dólar – A pesquisadora aponta preocupação com a alta do dólar. Na pesquisa de agosto o macarrão aparece com aumento de 5,02%, devido à farinha de trigo, que é importada. Ela explica que o impacto tende a ser maior, pois os comerciantes ainda estão trabalhando com estoques antigos. Thaize pondera que, se a moeda continuar subindo, produtos importados, como azeite e alguns pescados, vão ter seus preços elevados.
Além disso, em certos casos, a produção nacional pode ser direcionada para a exportação, também pressionando os preços. Tal situação pode encarecer produtos como carne e café.
No ano, a inflação está acumulada em 3,79%, enquanto em 12 meses é de 5,14%. O fator dólar também pode pressionar para que a inflação em BH não feche no centro da meta, que é de 4,5%. Além disso, é esperada alta no preço de alguns produtos no fim de ano, devido ao período de festas. Mas, segundo Thaize Martins, caso não se cumpra o centro da meta, o índice deve ficar dentro do limite superior, que é de 6,5%. Ela ressalta que não há qualquer indicativo de descontrole de preços.
O IPCA mede a evolução dos gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), referente às famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, apresentou em agosto variação positiva de 0,11%.
Cesta básica – O valor da cesta básica teve queda de 0,39% entre julho e agosto, ficando em R$ 372,14, o equivalente a 39,01% do salário mínimo. É a segunda queda consecutiva. Segundo a pesquisadora, os preços estão voltando ao patamar de antes da greve dos caminhoneiros.
As principais quedas de preços foram da batata-inglesa, com retração de 19,93%; feijão carioquinha, com queda de 5,10%, e café moído, que caiu 4,78%. Já os itens que apresentaram as principais altas foram o tomate Santa Cruz (7,28%); banana-caturra (5,45%) e farinha de trigo (3,68%).
Fonte: Diário do Comércio – Publicado em 06/09/2018 – Caderno de Economia