Dia dos Namorados: apenas 27% das pessoas pretendem trocar presentes em BH

Pesquisa mostra que a maioria dos apaixonados pretende gastar valor inferior ou, no máximo, igual ao desembolsado no ano passado

Casados há quatro anos, a analista de produção Ana Coutinho Martins, 32, e o marido, Alexandre Martins, 50, sempre trocam presentes e comemoram o Dia dos Namorados com um jantar fora. Ele costuma dar plantas, que ela adora, e um perfume ou uma roupa para acompanhar, e ela gosta de comprar agrados úteis, do dia a dia. Mas, neste ano, não vai ter presente: por causa da pandemia do coronavírus, Ana perdeu o emprego, e a renda da família caiu. Mas isso não vai impedir a celebração da data mais romântica do ano entre o casal, que comemora também aniversário de casamento no dia 12 de junho.

“Eu fiz uma cartinha para ele com nossos bons momentos e algumas fotos e vou fazer um jantarzinho em casa. Nós já conversamos, o presente vai ser a gente estar junto, se cuidando e mantendo nossa família”, conta Ana, que não é exceção à regra: em Belo Horizonte, apenas 27,14% das pessoas pretendem presentear alguém neste Dia dos Namorados, e a maioria delas quer desembolsar valor inferior ou, no máximo, igual ao gasto no ano passado.

Os dados são de uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG) e revelam a menor pretensão de compras para a data dos últimos cinco anos, o que tem relação direta com os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia. No ano passado, 31,43% das pessoas pretendiam presentear alguém e, em 2018, eram 40%.

Além disso, o percentual de consumidores que pretendem gatar menos com os presentes neste ano aumentou 48,89% em comparação com o ano passado. Apenas 19% das pessoas planeja gastar mais.

“Nós consideramos o resultado um reflexo dessa situação de pandemia e isolamento social. Muitas pessoas tiveram as rendas comprometidas, a situação econômica não é a mesma de antes e, com isso, elas priorizam os gastos essenciais. Outra questão é a modalidade de compra, muitos ainda não são tão abertos a compras online, e o fato de shoppings e lojas de vestuário estarem fechadas contribui para a intenção menor de presentear”, afirma a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Martins.

Embora a intenção de compra tenha caído, o valor médio dos presentes aumentou 9,49% neste ano, em comparação com 2019, e passou de R$ 90,53 para R$ 99,12. “Isso pode estar relacionado à dificuldade de realizar pesquisa de preço antes da compra, a taxa de entrega também pode influenciar nesse valor a ser gasto”, explica Thaize.

Mas, em tempos de pandemia, o presente se tornou só um detalhe. A analista internacional Carolina Neves, 30, e o marido Paulo são casados há três anos e, normalmente, saem para jantar no Dia dos Namorados e trocam lembranças, como livros e roupas. Neste ano, para economizar, ela vai cozinhar em casa para os dois. “Acho que, de certa maneira, a pandemia faz você rever algumas coisas. Vejo o presente como uma materialização do carinho, você se preocupa em agradar a pessoa, escolhe, cria uma expectativa. Mas, na nossa conjuntura, passamos a valorizar outras coisas, como a ligação no meio do dia pra saber se está tudo bem, a lembrança de que precisa sair de máscara e a paciência quando um dos dois está mais ansioso”, diz Carolina.

A estrategista digital Ana Luiza Santos, 20, e o marido Guilherme já trocaram todo tipo de presente, como roupas e viagens, mas, desta vez, vão comemorar de um jeito diferente. “Nós dois somos empreendedores e, apesar de ainda não termos sido afetados pela pandemia, tememos muito que isso aconteça em breve. Por isso, estamos poupando ao máximo, para garantir que tenhamos uma reserva caso as coisas piorem muito. Ele vai me fazer uma surpresa, ainda não sei o que é, e eu farei um jantar romântico, para economizarmos e passarmos um tempo juntos”, conta Ana.

Custo de vida cai em Belo Horizonte em maio

Com a redução da demanda, o preço dos combustíveis caiu e contribuiu para a deflação em Belo Horizonte em maio, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a evolução dos gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, apresentou uma variação negativa de 0,39% na cidade. A inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 3,63% e, pela primeira vez no ano, ficou abaixo da meta de 4%, definida pelo Conselho Monetário Nacional para 2020. O custo de alimentos industrializados e in natura, no entanto, cresceu no período.

O valor da gasolina comum caiu 7,16% em maio, e o etanol comum ficou 10,68% mais barato. “As maiores quedas estão em itens cuja demanda diminuiu bastante, como os combustíveis, que têm um peso muito forte no índice geral”, explica a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Martins. “Alguns grupos de alimentos continuam no ritmo alto. A demanda desses itens aumentou, as famílias estão consumindo mais por estarem mais tempo em casa”, completa. Os alimentos in natura ficaram 3,12% mais caros, e os industrializados, 0,44%.

O produto que mais contribuiu para o IPCA foi a batata inglesa, que subiu 32,60% em maio. “Além de aumento da demanda, houve diminuição da disponibilidade do item no mercado, devido às condições climáticas nas áreas produtoras”, diz Thaize.

O aumento do preço da batata contribuiu também para a elevação de 1,79% no custo da cesta básica, que apresentou a quarta alta consecutiva em maio e passou a custar R$ 490,15, o maior valor desde o início da série histórica, em 1994. O valor da cesta básica passou a corresponder a 46,90% do salário mínimo.

Já o Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte, após registrar forte queda em abril, cresceu 8,70% em maio e ficou em 33,44 pontos, ainda bem abaixo dos 50, nível que separa o pessimismo do otimismo.

Fonte: Jornal O Tempo  – Publicado por Rafaela Mansur em 03/06/2020.

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