O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte apresentou um recuo de 0,39% em maio, frente a abril.
Os dados foram divulgados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais da Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG) nessa quarta-feira (3).
De acordo com a coordenadora de pesquisa da Ipead, Thaíze Martins, a inflação de maio ficou negativa e indica que, no geral, os preços praticados ficaram menores que em abril.
No entanto, Thaíze explica que alguns importantes grupos tiveram variação positiva, como os de alimentos in natura e industrializados.
Os dados mostram que, apesar do grupo de alimentação ter apresentado queda de 0,46%, os produtos in natura apresentaram alta de 3,12% em maio, frente a abril. Em alimentos industrializados, a variação positiva foi de 0,44%.
A alta é considerada significativa, já que os subgrupos são muito consumidos. Dentre os itens que promoveram a alta, estão a batata-inglesa, cujo valor aumentou 32,6% e cebola com elevação de 39,58%.
A queda no IPCA teve como maior contribuição, a retração dos preços dos combustíveis. Os combustíveis integram o grupo de produtos administrados, cuja queda foi de 1,52% em maio, frente a abril. Segundo o Ipead, a queda nos preço da gasolina comum, por exemplo, foi de 7,16%. Já no etanol o preço retraiu 10,68%.
Thaíze explica que o isolamento para conter a pandemia do novo coronavírus tem influenciado na inflação. A queda nos preços dos combustíveis é justificada pela menor demanda, enquanto a alta dos alimentos in natura e industrializados é puxada pelo maior consumo dos itens nas residências.
“Os combustíveis influenciaram a queda do IPCA, porém, tivemos a permanência das altas em alimento in natura, que são encontrados nos sacolões, e industrializados, o que para o consumidor fica ainda percepção de alta nos alimentos. Alguns itens, em conjunto com o aumento da demanda, tiveram problemas nas áreas produtoras, como a batata inglesa, que está em entressafra e contribuiu para uma alta mais significativa. Aumentou a demanda pelos produtos, as famílias têm se alimentado em casa e o mercado está ofertando um volume menor de produtos e com qualidade não muito boa, isto alavancou os preços”.
Outros produtos que contribuíram para a queda do IPCA foram lanches, com retração de 4,61%, seguido por gás GLP, com queda de 4,3% e leite pasteurizado, que encerrou maio com preços 2,98% menores frente a abril
Das contribuições maiores, estão a refeição, com variação positivas no preço de 0,56%, móvel para quarto, com alta de 3,16% e vidro, 6,25%.
Cesta básica – O custo da cesta básica apresentou variação positiva de 1,79%, entre abril e maio de 2020. O valor da cesta em maio foi de R$ 490,15, montante que equivale a 46,9% do salário mínimo.
A variação no ano ficou 5,58% superior frente ao período de janeiro a maio de 2019. Alta também foi verificada nos 12 meses, 10,12%.
“Maio renovou o pico de preços da cesta básica. Esta foi a quarta alta consecutiva, sendo que abril era pico da série histórica. Este mês, o grande motivo da alta foi a batata, com um reajuste de 32% nos preços”, explicou, Thaíze Martins.
Thaíze ressalta ainda que outros itens de necessidade básica também tiveram aumentos, como o feijão-carioquinha (32,38 %), leite pasteurizado (8,12%), café moído (3,70%), óleo (0,48%), farinha de trigo (1,71%), arroz (1,05%), carne chã de dentro (1,91%) e pão de sal (1,41%).
“É uma notícia ruim para o consumidor, que, a cada vez, que retorna às compras tem a sensação de perder o poder de compra. Nossa recomendação é que as famílias busquem substituir os itens com maior variação de preços para outros com condições mais acessíveis”.
DIA DOS NAMORADOS SERÁ PREJUDICADO PELA PANDEMIA PANDEMIA
A manutenção de grande parte do comércio fechado, principalmente as lojas de vestuários, e o aumento do desemprego, situações provocadas pela pandemia do novo coronavírus, vão prejudicar as compras para o Dia dos Namorados.
A pesquisa de Pretensão de compra para o Dia dos Namorados, feita pela Fundação Ipead, mostra que apenas 27,14% dos entrevistados pretendem presentear alguma pessoa no Dia dos Namorados, sendo esse percentual o mais baixo dos últimos cinco anos.
O valor médio dos presentes a serem adquiridos aumentou 9,49% em 2020 ao ser comparado com o ano passado, subindo de R$ 90,53 para R$ 99,12. Ao ser deflacionado pelo subgrupo Vestuários e Complementos, componente do IPCA-Ipead, o aumento real do ticket médio dos presentes foi de 7,77%.
Cerca de 63% dos consumidores que pretendem presentear anunciaram que gastarão, neste ano, valor igual ou inferior ao que gastou no ano passado. Notou-se um aumento de 48,89% no percentual de consumidores que pretendem gastar um valor inferior com os presentes em 2020 ao comparar com o ano passado, indicando que este ano, o Dia dos Namorados será menos aquecido para o comércio de 2020.
“A pesquisa do Dia dos Namorados é realizada desde 2016 e esse foi o pior resultados. Devido à situação econômica como um todo, a renda reduzida e às incertezas, as pessoas estão optando por reduzir os custos com itens presenteáveis”, a coordenadora de pesquisa da Fundação Ipead, Thaíze Martins.
ICC – O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizonte, calculado pela Fundação Ipead, alcançou 33,44 pontos em maio, apresentando um aumento de 8,70% na comparação com o mês de abril. Apesar da elevação, o índice ainda permanece bem abaixo dos 50 pontos, nível que separa o pessimismo do otimismo.
“O índice teve uma recuperação em relação a abril, mas, vale destacar que abril foi o mais baixo da série histórica. Mesmo com o aumento em maio, a pontuação é muito baixa e reflete o pessimismo dos consumidores”, disse Thaíze Martins.
O Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou uma elevação de 16,93% em comparação com o mês anterior, influenciado pela melhora na percepção dos consumidores em todas as componentes, superior a 15%. Os itens são: a situação econômica do País (15,41%), inflação (17,09%) e emprego (18,36%).
O Índice de Expectativa Financeira (IEF), também apresentou aumento de 4,18% em comparação com o mês de abril, sendo o item pretensão de compras o único que apresentou variação negativa, com recuo de 9,75%. A situação financeira da família aumentou 9,16% e a situação financeira da família em relação ao passado 1,52%.
Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado por Michelle Valverde em 04/06/2020.