O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte apresentou um recuo de 0,08% em abril na comparação com o mês de março. Os dados foram divulgados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais da Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG).
Apesar de o número mostrar uma leve queda nos preços no mês passado, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a coordenadora de pesquisa da fundação, Thaíze Martins, afirma que esse resultado requer uma leitura diferenciada.
De acordo com ela, embora a inflação geral tenha ficado praticamente estável, quando se analisa os grupos específicos, é possível notar os efeitos claros da pandemia. Os dados revelam que o grupo alimentação apresentou alta de 2,49%, com destaque para alimentos elaboração primária (6,77%), alimentos in natura (5,96%) e alimentação em restaurante (2,14%).
Ainda segundo os dados da Ipead/UFMG, as cinco maiores contribuições para a variação do IPCA foram o lanche (6,33% e contribuição de 0,10 pontos percentuais), leite pasteurizado (14,95% e contribuição de 0,10 p.p.), feijão carioca (28,08% e contribuição de 0,04 p.p.), refeição (0,75% e contribuição de 0,04 p.p.) e torneira, cano e material hidráulico (11,23% e contribuição de 0,03 p.p.).
O aumento nos preços de alimentos, de acordo com a coordenadora de pesquisa da entidade, tem a ver com diferentes fatores. Um deles está relacionado ao fato de as pessoas estarem por mais tempo em casa, por causa das medidas de isolamento social adotadas como forma de combate ao novo coronavírus (Covid-19). Assim, acabam comprando mais itens como arroz, feijão e leite, por exemplo.
Além disso, explica Thaize Martins, no começo da pandemia, diversas famílias resolveram estocar alimentos, comprando muitas vezes mais do que o necessário, o que também exerceu uma pressão sobre os preços. Por fim, tudo isso coincidiu, ainda, com a entressafra de alguns produtos.
Por outro lado, destaca Thaize Martins, vários itens não alimentares estão em queda e, assim, “um efeito neutraliza o outro”, analisa ela em relação ao IPCA de abril.
Dessa forma, as cinco menores contribuições foram a gasolina comum (-8,52% e impacto de -0,35 p.p.), o etanol comum (-13% e impacto de -0,03 p.p.), cerveja em supermercados (-7,09% e impacto de -0,03 p.p.), dentista (-2,21% e impacto de -0,02 p.p.) e assinatura de telefonia fixa (-2,52% e impacto de -0,02 p.p.).
Conforme frisa a coordenadora de pesquisa da Ipead/UFMG, este momento é de muita incerteza, de instabilidade econômica, e algumas medidas e decisões podem ser tomadas de um dia para o outro.
Contudo, tendo em vista o cenário atual e a divulgação pela secretaria de Saúde de um novo pico para a pandemia em Minas Gerais (6 de junho), as perspectivas são de que os números se mantenham aproximadamente nos mesmos patamares ao longo deste mês de maio.
Cesta básica – Os dados da Ipead/UFMG também mostram que o custo da cesta básica aumentou 1,07% entre março e abril deste ano, atingindo o valor de R$ 481,54 em abril. Thaize Martins ressalta que essa já é a terceira alta consecutiva.
Conforme relata a coordenadora de pesquisa da entidade, o maior destaque negativo do mês foi o tomate Santa Cruz (-19,54%), que vinha com uma forte alta em fevereiro e março e, no mês passado, apresentou um recuo significativo. Também tiveram baixa a manteiga (-2,33%) e a chã de dentro (-1).
Já os maiores destaques positivos foram para o feijão carioquinha (28,14%), a batata inglesa (13,59%) e o leite pasteurizado (10,40%).
Confiança – A confiança dos consumidores belo-horizontinos despencou no mês de abril. De acordo com os dados da Ipead/UFMG, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) atingiu 30,76 pontos em abril, o que representa uma queda de 17,80% na comparação com março.
Trata-se do menor valor de pessimismo desde quando o ICC teve início, ainda no ano de 2004. Segundo a entidade, “É um nítido retrato do que a pandemia do Covid-19 está causando na população”.
Os itens componentes do ICC que apresentaram os menores números no mês passado foram emprego (15,89 pontos), situação econômica do País (20,06 pontos) e inflação (25,42 pontos), com quedas de 25,64%, 31,36% e 11,95%, respectivamente, na comparação com março.
Taxa de juros – Ainda segundo os dados da entidade, a maior parte das taxas médias de juros praticadas para pessoa física apresentou recuo em abril na comparação com março. Os maiores destaques foram para construção civil imóveis construídos (-37,74%) e cooperativas de crédito (empréstimos), com queda de -26,84%.
CONSUMIDORES NÃO DEVEM PRESENTEAR AS MÃES
Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais da Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG) mostram que grande parte dos consumidores não pretende presentear as mães neste ano.
De acordo com a pesquisa realizada pela entidade, menos da metade dos belo-horizontinos (47,62%) vai comprar algo para dar em comemoração à data, uma das mais lucrativas para o comércio. No ano passado, eram 65,24%.
“Esse era um resultado esperado. Aguardávamos um movimento de queda por causa de toda a situação que estamos vivendo com a disseminação do novo coronavírus. Muitas famílias estão passando por uma situação de desemprego, de redução da renda”, destaca a coordenadora de pesquisa da entidade, Thaize Martins.
No entanto, entre aqueles que vão presentear, houve queda de apenas 1,32% no valor médio dos presentes em relação ao ano passado, que deverá ser de R$ 98,50 neste ano.
Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 07/05/2020 por Juliana Siqueira.