Coronavírus: Consumidores em BH estão pessimistas com emprego e renda

Dados da pesquisa do Ipead, divulgados nesta sexta-feira (26), mostram influência do Covid-19 na queda da confiança da população da capital mineira

A pandemia do coronavírus trouxe diversas incertezas na população e nos consumidores, afetando diretamente a economia e expectativa para o futuro e também para o momento atual. Pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Ipead/UFMG ( Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de MG) mostra queda além do esperado no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizonte no mês de março, principalmente na segunda quinzena. O dado sintetiza a opinião dos consumidores em relação a diversos aspectos e afeta as decisões de consumo em curto, médio de longo prazo. 

O fechamento de boa parte do comércio trouxe dúvidas sobre o emprego e também sobre a situação financeira da família. A pesquisa é realizada mensalmente e a mais recente aconteceu com 210 pessoas da capital entre 29 de fevereiro e 26 de março. A redução no Índice de Confiança do Consumidor  foi de 4,67% se comparado ao mês de fevereiro, com a margem de erro podendo ser de 1,56%.

“Tivemos uma queda acentuada, fora do previsto. O mês de março, por ser um período de declaração do imposto de renda, costuma gerar uma maior reflexão nos consumidores. No entanto, acreditamos que a pandemia do coronavírus pode ter tido uma interferência ainda maior para os dados computados”, comenta Thaize Martins, coordenadora do setor de pesquisa da Fundação IPEAD.

Nas duas pesquisas anteriores, os números vinham aumentando, sofrendo agora interrupção desta retomada. A crise econômica fez com que o Índice de Confiança do Consumidor, que varia entre 0 e 100 pontos, estivesse sempre abaixo dos 50 pontos, nível que separa o pessimismo do otimismo. O novo número mostra 37,42 pontos. 

A pretensão de compra do consumidor, que poderia aumentar em virtude da Páscoa no mês de março, também sofreu queda. “Toda data comemorativa costuma gerar um impacto positivo nos números, mas a incerteza do que vai acontecer afeta diretamente no comportamento das pessoas”, lembra Thaize. 

Medo do desemprego

Um dos grandes receios dos consumidores se refere ao emprego, que apresentou a maior queda da pesquisa, superior a 8%. “As pessoas estão mais preocupadas com a manutenção dos seus trabalhos, os números mostram que eles esperam mais desemprego no futuro agora do que o mostrado em fevereiro. Se a situação seguir incerta, este índice pode permanecer em queda”, indica Thaize.

Outro número que chamou atenção foi sobre a situação financeira da família, que apresentou recuo de 7,74%. “Se os componentes de abril trouxerem mais confiança, podemos ter uma melhora nestes quesito e também em relação ao emprego”, afirma a coordenadora. 

Sobre uma possível mudança no panorama na próxima pesquisa, Thaize revela que tudo depende de como o setor vai se comportar. “O momento é incerto. Se o comércio seguir fechado e as pessoas em quarentena, os números podem sofrer nova queda. Se a manifestação do vírus for controlada e a curva de sua atuação se achatar, pode ser que o consumidor volte a apresentar uma maior confiança na situação financeira. Tudo vai depender do que vai acontecer em abril, é uma hora incerta para se fazer qualquer previsão”, pontua. 

Números

A pesquisa é composta por dois grupos: o Índice de Expectativa Econômica (IEE) e o Índice de Expectativa Financeira (IEF). O primeiro é subdividido em Situação Econômica do País, Inflação e Emprego e apresentou queda de 3,30% em comparação com o mês anterior. 
Já o IEF, que é subdividido em Situação Financeira da Família, Situação Financeira da Família em Relação ao Passado e Pretensão de Compra, apresentando queda acentuada de 5,48% em comparação com o mês de fevereiro. 

Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 27/03/2020 por Daniel Ottoni.


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