Grupo de alimentos que inclui proteína bovina aumentou 11,9% em dezembro; preços na capital acumularam alta de 5,23% em 2019
Puxada pela disparada do preço da carne, a inflação em Belo Horizonte foi de 1,09% em dezembro, a maior variação para o mês desde 2005. Por causa da alta, a inflação da capital ficou acima do esperado no ano passado, em 5,23%, e superior à meta de 4,25% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2019. Em 2018, a taxa foi de 4,59%. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).
“Era esperado que a inflação ficasse próxima do centro da meta, mas novembro e dezembro trouxeram aumentos muito fortes. Acabamos com uma inflação mais próxima do limite superior da meta, de 5,75%”, explica a coordenadora de pesquisa do Ipead, Thaize Martins. Até outubro, a taxa estava em 3,60% no acumulado do ano.
A maior elevação registrada em dezembro foi nos alimentos de elaboração primária, que incluem as carnes bovinas – a variação do grupo foi de 11,9% em comparação com novembro. “Tivemos uma forte alta, influenciada principalmente pela demanda da China. A valorização do dólar tornou nosso preço mais competitivo no mercado externo e houve grande exportação, o que fez desabastecer um pouco o mercado interno, coincidentemente em um período em que a demanda interna é muito alta, devido às confraternizações de final de ano”, explica Thaize.
No entanto, no acumulado do ano, as excursões, 42,86% mais caras em relação a 2018, e a energia elétrica, que subiu 9,9% no período, pesaram mais na inflação do que os alimentos. Segundo Thaize, as pessoas passaram a viajar mais, e a demanda crescente contribuiu para a alta dos preços.
Perspectiva
A inflação foi um dos motivos para a queda de 2,58% do Índice de Confiança do Consumidor em dezembro, que ficou em 38,07 pontos – o resultado mostra que a pessimismo ainda predomina na capital.
De acordo com Thaize, a expectativa é que os preços das carnes se mantenham altos neste início de ano. “Outro item que impacta bastante na inflação e está mais imprevisível no momento são os combustíveis, principalmente a gasolina, porque a política da Petrobras leva em consideração a cotação do dólar e o mercado externo”, pontua a coordenadora.
O etanol, em alta desde dezembro, também deve permanecer mais caro, devido à demanda e ao período de entressafra da cana-de-açúcar. “Indicamos comparar preços e fazer, sempre que possível, a substituição de marcas. É possível encontrar etanol, por exemplo, a R$ 3,15 e R$ 3,59 na mesma cidade”, diz Thaize
Cesta básica sobe 12% em dezembro
Após sete meses consecutivos de queda, a cesta básica ficou 12,05% mais cara em dezembro, a maior alta já registrada em Belo Horizonte em um mês desde 1994, passando a custar R$ 464,26. No ano, o valor aumentou 11,28%</CW>, bem acima da inflação – em dezembro de 2018, a cesta custava R$ 417,21, de acordo com dados da Fundação Ipead.
A principal contribuição para o encarecimento da cesta básica foi do chã de dentro, que subiu 24,71% somente no último mês. O preço do feijão carioquinha aumentou 27% no período, e o do tomate, 24%.
“A carne foi o grande vilão do mês de dezembro e teve um impacto muito forte na cesta, que acabou rompendo o ciclo de queda e tendo uma alta histórica. No acumulado do ano, tivemos influência também do feijão e da banana. Ambos subiram mais de 40%”, afirma a coordenadora de pesquisa do Instituto, Thaize Martins.
Com o aumento da cesta básica, o poder de compra do salário mínimo caiu em 2019: em dezembro, o custo dos alimentos essenciais correspondia a 46,52% do rendimento, que era de R$ 998.
Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 09/01/2020 por Rafaela Mansur.