O custo da tarifa de energia elétrica residencial foi a maior contribuição individual para o aumento
Apesar dos preços dos alimentos em geral terem recuado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo de Belo Horizonte (IPCA-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) apresentou alta de 0,74% em junho, após ter registrado inflação de 0,05% em maio.
O custo da tarifa de energia elétrica residencial na capital mineira aumentou 10,94% e, considerando o seu peso no índice, foi a maior contribuição individual para o custo de vida belo-horizontino subir.
Por outro lado, a inflação de Belo Horizonte desacelerou em relação a junho de 2024, quando registrou alta de 1,23%. No acumulado de 2025, o IPCA na capital mineira apresentou alta de 3,74%. Nos últimos 12 meses, o índice subiu 6,16%.
O grupo alimentação apresentou queda de 0,42% em junho e desacelerou em relação a maio, quando o indicador subiu 0,43%. O resultado foi impulsionado principalmente pelo subgrupo alimentação na residência, cuja inflação caiu 0,84% em Belo Horizonte, puxada pelas retrações alimentos in natura (-2,83%), alimentos em elaboração primária (-1%) e alimentos industrializados (-0,26%).
Por outro lado, os preços do subgrupo alimentação fora da residência subiram 0,11% em Belo Horizonte, impulsionados pela alta de 1,97% em bebidas em bares e restaurantes. A leve queda de 0,09% em alimentação em restaurante ajudou a segurar o indicador da alimentação fora da residência na Capital.
Os produtos não alimentares registraram alta de 0,98% em junho, uma aceleração frente à queda de 0,04% do grupo em maio. O resultado é consequência da aceleração nos preços nos subgrupos Pessoais e de Produtos Administrados, que registraram acréscimos de 1,5% e 1,06% no mês, respectivamente.
Depois da tarifa de energia, os aumentos de 3,03% nos preços do plano de saúde individual e de 21,47% no custo cigarro também pesaram para aumentar o índice geral, considerando o tamanho do impacto individual de cada item.
Já a queda de 5,18% no custo médio do seguro voluntário de veículos foi, de 5,76 % no móvel para quarto e de 8,82% no preço do tapete, no sexto mês de 2025, considerando o peso desses itens no IPCA, contribuíram para segurar a inflação em Belo Horizonte. O lanche e o hipotensor/hipocolesterínico também apresentaram redução em junho e ajudaram a segurar o índice geral no período.
Inflação para o consumidor restrito em Belo Horizonte
O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, para famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou inflação de 0,71% em junho, uma aceleração frente a alta de 0,21% em maio. O índice desacelerou em relação ao mesmo período de 2024, quando o resultado foi de 1,14%.
No ano, o IPCR acumulou um crescimento de 3,73% na capital mineira, enquanto nos últimos 12 meses a inflação acumulada foi de 6,03%, segundo o levantamento da Fundação Ipead.
A alimentação no IPCR, um grupo que afeta sensivelmente famílias dessa faixa de renda, apresentou queda de 0,96% no sexto mês do ano. A maior contribuição foi do subgrupo alimentação na residência, com uma deflação de 1,36% no mês.
O resultado é fruto das quedas de 2,26% no custo dos alimentos em elaboração primária, de 3,15% nos alimentos in natura e de 0,17% nos preços de alimentos industrializados.
O custo médio da alimentação fora da residência nesse índice recuou 0,23%, puxada pela queda de 0,62% em alimentação em restaurante. Entretanto, a alta de 1,83% em bebidas em bares e restaurantes não deixou o indicador cair ainda mais – foi o único componente com aumento registrado no grupo dos alimentos no período.
Assim como no IPCA, os produtos/serviços que mais contribuíram para a alta do IPCR em Belo Horizonte foram a tarifa de energia elétrica, o cigarro e o plano de saúde individual, que registraram em junho a mesma inflação do índice do consumidor amplo no indicador do consumidor restrito.
Controle da inflação está distante e preço dos alimentos deve subir no segundo semestre
O gerente de pesquisas da Fundação Ipead, Eduardo Antunes explica que, após metade do ano, a inflação de Belo Horizonte tem sido pressionada de forma pontual. Ainda que os aumentos dos preços de alguns produtos tenham se destacado, como do café e do ovo, ele avalia que o IPCA da capital mineira está um pouco menor em relação ao mesmo período de 2024.
“Mesmo estando menor que em 2024, pode ser considerada alta, quando comparamos, só como referência, à meta do Banco Central de 3,0%, com desvio de 1,50% para mais ou para menos. O controle inflacionário está longe de ser alcançado”, declarou.
Ele aponta que a tarifa de energia elétrica, por ter muito peso na inflação, compromete o controle das finanças da população quando registra fortes altas no custo, principalmente para as pessoas com menor renda. “Uma variação deste porte, de quase 11%, bandeira tarifária mais cara e reajuste de tarifa, pesa muito no bolso da população”, disse.
Por fim, o pesquisador analisa que, por ora, os preços dos alimentos em Belo Horizonte devem apresentar variações naturais de oferta e sazonalidade para esta época do ano. Uma pressão nos preços da alimentação deverá vir ao longo do segundo semestre, devido ao aumento da demanda com as festividades de fim de ano, movimento considerado tradicional.
Fonte: Diário do Comércio / Economia / Publicado em 04/07/2025 por Marco Aurélio Neves