Oferta de empregos temporários e pagamento do 13º salário podem ter contribuído para estimular a economia local no último mês do ano
Sob forte influência da sazonalidade, a confiança do consumidor em Belo Horizonte atingiu em dezembro o maior patamar de 2024. Com alta expressiva de 9,37% na comparação com o mês anterior, o crescimento registrado foi mais que o dobro do ocorrido entre os meses de novembro e dezembro de 2023, conforme aponta o Índice de Confiança do Consumidor (ICC-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).
Tradicionalmente, o mês de dezembro eleva a confiança dos belo-horizontinos. Fatores como a oferta de empregos temporários e a injeção de renda com o pagamento do 13º salário podem ter contribuído para estimular a economia local no último mês do ano.
Os resultados positivos apresentados no índice podem ser explicados pela melhora expressiva na percepção da população em cinco dos seis componentes avaliados. Inflação e Emprego, com avanços de 18,68% e 18,43% respectivamente, estão entre os destaques em evolução. Em seguida, Situação Econômica do País (8,98%), Pretensão de Compra (7,09%) e Situação Financeira da Família Atual (5,94%) também apresentaram crescimento.
Segundo o economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, o aumento na renda das famílias ao longo do ano, bem como a melhora nos indicadores do mercado de trabalho, podem ter refletido positivamente em dezembro e impulsionado o otimismo da população. “Ao longo de 2024, tivemos bons indicativos que levaram a uma melhora da percepção em relação à inflação, voltamos para a bandeira verde da energia elétrica e notamos grupos de alimentos que voltaram a apresentar estabilidade e redução de preços. Tudo isso pode ter contribuído para resgatar a confiança do consumidor”, analisa.
Endividamento pode ter levado a recuo na situação financeira familiar
Por outro lado, a percepção da população apresentou singela retração de 0,06% no campo da Situação Financeira da Família com relação a 2023. Para Santos, o índice recuou principalmente pela redução em relação à situação financeira do País.
“O nível de endividamento elevado impacta a percepção da população com o equilíbrio orçamentário da família. A economia está melhorando, mas ainda não é uma situação de renda confortável”, avalia o economista.
A pesquisa também aponta quais são os grupos de bens e serviços que os consumidores planejam adquirir nos próximos três meses. Vestuário e Calçados (22,38%) é apontado como a prioridade dos belo-horizontinos para o primeiro trimestre de 2025, seguido por Turismo (12,86%), Veículos (10%) e Móveis (8,1%).
A justificativa para este comportamento, especialmente com relação a vestuário e calçados, é a necessidade de compras com maior frequência, o que naturalmente eleva a pretensão. Já com relação aos avanços em veículos e móveis, o economista acredita que, por serem itens de maior valor, pode indicar uma tendência de retomada para ambos os setores em 2025.
“O maior endividamento das famílias apontado no índice pode indicar um endividamento planejado desses itens que estão em maior evidência. As famílias não necessariamente estão mais inadimplentes, elas podem estar apenas endividadas”, complementa Santos.
Permanência da confiança em 2025 dependerá de elevações dos juros
No acumulado geral anual, o ICC apresentou uma leve retração de 0,42%, demonstrando estabilidade na comparação com 2023. O índice encerrou 2024 a 43,61 pontos em uma escala que varia de 0 a 100.Publicidade
Para os primeiros meses de 2025, a expectativa segue de acordo com a sazonalidade da época, caracterizada principalmente por ser um período de maior pagamento de impostos, despesas escolares e gastos de férias por parte do consumidor em Belo Horizonte. Apesar disso, em janeiro, consumos em lazer, turismo e entretenimento devem ajudar a manter o otimismo em patamares positivos.
Com relação aos próximos meses, o economista frisa que a tendência de crescimento ou recuo vai depender das elevações na taxa de juros e em quanto tempo isso vai refletir em uma desaceleração na economia. “Ainda não é possível antecipar impactos na economia e no mercado de trabalho. No entanto, acredito que mesmo em um cenário de juros elevados, a economia pode crescer, porém em menor patamar com relação a 2024″, finaliza o economista.