A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) não teve efeitos diretos observados pela pesquisa mensal de inflação da Fundação Ipead/UFMG, que registrou um aumento de 0,18% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em março, em Belo Horizonte, na comparação com fevereiro. O número é, inclusive, menor do que o apurado em igual período de 2019 (0,52%).
Contudo, conforme destaca a coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da entidade, Thaize Martins, o período de fechamento do comércio foi na segunda quinzena do mês passado. No período anterior, portanto, tudo transcorria em caráter de normalidade. “A pesquisa não retratou nenhum impacto imediato dessa situação. Houve um comportamento mais natural dos preços, sem grandes interferências em razão da pandemia”, disse ela.
Em relação ao comportamento dos preços daqui em diante, tendo em vista o cenário de disseminação do Covid-19, Thaize Martins pondera que o momento ainda é muito incerto para fazer qualquer tipo de previsão.
“A gente acredita mais em uma curva de manutenção do preço do que qualquer grande desvio. Não se tem comprovado uma situação de desabastecimento. Caso isso acontecesse, teríamos um impacto grande nos preços”, avalia.
De acordo com a coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead/UFMG, tudo vai depender da situação da cidade nos próximos dias, embora reforce que o que se espera é um comportamento dentro da normalidade.
Thaize Martins frisa que o reajuste do preço dos medicamentos, esperado para este mês, não ocorrerá mais, o que vai influenciar o cálculo posterior. Além disso, há também uma espera de um pronunciamento da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para saber se haverá ou não reajuste de preços, tipicamente anunciado em abril.
Impactos – A maior alta registrada em março foi observada no item vestuário e complementos (4,47%). “Foi um período de lançamento de novas coleções outono-inverno. Muitas empresas fizeram e outras estavam por fazer”, relata, lembrando que o mês de fevereiro teve grandes promoções nessa área.
Outro destaque foi para os alimentos in natura (2,74%), que, segundo Thaize Martins, oscilam mesmo durante o ano. Do lado das quedas, a mais representativa foi a de bebidas em bares e restaurantes (-1,46%).
Cesta básica – Já o custo da cesta básica aumentou 2,50% entre fevereiro e março, chegando a R$ 476,43. Os maiores destaques foram para a banana caturra (8,70%), manteiga (7,32%) e tomate Santa Cruz (7,01%). Por outro lado, foi observada queda na chã de dentro (-1,14%) e no café moído (-0,42%). Conforme destaca Thaize Martins, os preços da carne estão regressando um pouco ao patamar que eram antes, após grandes aumentos.
A coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da fundação ressalta que a cesta básica é um reflexo mais próximo do consumidor, que está sentindo que os preços estão subindo, mas não se pode vincular esse fato totalmente à pandemia. Ela destaca que há outros fatores, como condições climáticas e alta do dólar.
Taxas de juros – A pesquisa também mostra que a maior parte das taxas de juros para pessoa física teve queda em março na comparação com o mês anterior. O maior destaque foi para construção civil imóveis construídos (-53,71%).
A maior parte das taxas de juros para pessoa jurídica também apresentou queda, com destaque para conta garantida (-5,21%). Já em relação à taxa de captação, a maioria registrou estabilidade, com redução maior para a poupança (-15,38%).